Túnel submerso Santos-Guarujá será o primeiro do Brasil e encurtará viagem de uma hora para dois minutos

0
50

Projeto bilionário de R$ 6,8 bilhões, vencido pela Mota-Engil, terá 1,5 km de extensão, seis faixas de rolamento, ciclovia, passarela e espaço para VLT.

Inauguração é esperada entre 2030 e 2031

O Brasil caminha para ter o primeiro túnel submerso de sua história, ligando Santos e Guarujá, na Baixada Santista. A obra, aguardada há mais de um século, promete revolucionar a mobilidade urbana e logística portuária da região, reduzindo o trajeto que hoje pode levar até uma hora por estrada para apenas dois minutos.

O leilão que definiu a empresa responsável pela construção foi realizado em setembro, na B3 (Bolsa de Valores), e teve como vencedora a Mota-Engil Brasil. O evento contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A empresa terá 30 anos de concessão para construir e operar o túnel, que receberá investimento de R$ 6,8 bilhões.

Um projeto que sai do papel após 100 anos

A ligação direta entre Santos e Guarujá é uma reivindicação histórica da população da Baixada Santista, com mais de 100 anos de espera. Atualmente, a travessia é feita por balsas – sujeitas a filas, variações de maré e tempo de espera – ou por rodovias que exigem um percurso de 40 km, o que pode levar até uma hora em horários de pico.

Com o túnel, o trajeto será reduzido para 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersos, e o tempo de travessia cairá para apenas dois minutos.

Estrutura moderna e multifuncional

O túnel contará com seis faixas de rolamento (três por sentido), ciclovia, passagens de pedestres e reserva técnica para implantação futura do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Além disso, o projeto prevê monitoramento em tempo real, sistemas de ventilação e evacuação, iluminação inteligente e um centro de controle operacional que vai garantir segurança e fluidez na travessia.

Raio X do Túnel Santos–Guarujá:

  • Extensão total: 1,5 km (870 m submersos);

  • Tempo de travessia: 2 minutos;

  • Tempo atual: até 1 hora (rodovia ou balsa);

  • Estrutura: 6 faixas, ciclovia, passagens de pedestres e VLT;

  • População beneficiada: mais de 720 mil moradores;

  • Empregos previstos: 9 mil diretos e indiretos;

  • Investimento: R$ 6,8 bilhões;

  • Prazo de concessão: 30 anos;

  • Previsão de conclusão: entre 2030 e 2031.

Tecnologia: o túnel imerso

O projeto utilizará a técnica do túnel imerso, diferente dos túneis escavados em rocha.
O método consiste na fabricação de módulos de concreto pré-moldados, que são construídos em docas secas, rebocados até o local da instalação e submersos cuidadosamente, sendo depois encaixados e selados no leito do estuário.

Esses módulos serão nivelados e cobertos por camadas de areia e pedras, garantindo segurança, estabilidade e menor impacto urbano.

Essa tecnologia já é usada com sucesso em países como Dinamarca, Japão e Coreia do Sul e foi escolhida por se adaptar melhor às condições geotécnicas e de tráfego marítimo do canal de Santos.

Investimento estratégico e impacto econômico

O investimento total de R$ 6,8 bilhões faz parte do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e é considerado um projeto estruturante nacional.
O túnel vai melhorar a mobilidade urbana, reduzir custos logísticos e aumentar a eficiência operacional do Porto de Santos, responsável por cerca de 30% da balança comercial brasileira.

A ligação fixa também deve eliminar as longas filas das balsas, diminuir congestionamentos e facilitar o deslocamento diário de trabalhadores e turistas entre as duas cidades.

Empregos e benefícios sociais

O Governo de São Paulo estima a geração de cerca de 9 mil empregos diretos e indiretos durante as etapas de construção e operação do túnel.

A expectativa é que a obra beneficie mais de 720 mil moradores de Santos e Guarujá, melhorando o acesso a empregos, serviços, comércio e lazer.

“É uma obra que simboliza a integração regional e o futuro da mobilidade na Baixada Santista”, destacou o governador Tarcísio de Freitas durante o anúncio do leilão.

Parceria entre governos e governança do projeto

A modelagem do projeto foi elaborada em parceria entre o Governo Federal e o Governo de São Paulo, por meio de um Acordo de Cooperação Técnica que envolveu o Ministério de Portos e Aeroportos, a Secretaria de Parcerias e Investimentos (SPI-SP) e a Autoridade Portuária de Santos.
As agências ANTAQ e ARTESP participaram como intervenientes no processo.

O projeto passou por consultas públicas e audiências em Santos e Guarujá, com participação de moradores, entidades e especialistas. A documentação ficou disponível para análise durante todo o período de contribuições.

O que muda para o Porto de Santos

O túnel trará maior previsibilidade e fluidez no entorno portuário, reduzindo o impacto das balsas e melhorando a circulação de caminhões e trabalhadores.
A expectativa é de ganhos de produtividade, redução de custos operacionais e menor emissão de poluentes.

A nova travessia permitirá o planejamento logístico contínuo e seguro, fortalecendo o papel estratégico do Porto de Santos na economia nacional.

Integração urbana e transporte sustentável

Com ciclovia e passagens de pedestres, o túnel vai favorecer modos ativos de transporte e deslocamentos de curta distância.
A reserva técnica para o VLT permitirá integração futura com o transporte coletivo metropolitano da Baixada Santista, promovendo mobilidade sustentável e inclusão social.

Um marco para a engenharia brasileira

O túnel submerso Santos–Guarujá será um dos projetos de infraestrutura mais emblemáticos do país, unindo inovação, sustentabilidade e impacto social.

Quando concluído, o trajeto que hoje pode levar até uma hora será feito em apenas dois minutos, conectando de forma definitiva as duas maiores cidades do litoral paulista.

Mais do que uma grande obra de engenharia, o túnel representa um salto tecnológico e logístico para o Brasil, aproximando pessoas, fortalecendo o desenvolvimento regional e marcando uma nova era para a Baixada Santista.

Fontes: Governo de São Paulo, Secretaria de Parcerias e Investimentos (SPI-SP), Ministério de Portos e Aeroportos, Agência SP, Autoridade Portuária de Santos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui